Uma iniciativa da REPARE, Rede Permanente de Assistência ao Recluso e ao
Egresso, uma organização não governamental cujo objetivo é reintegrar os
apenados e da Defensoria Pública tem levado informações sobre diversos assuntos
aos apenados que cumprem pena privativa de liberdade na Casa do Albergado em
Várzea Grande.
No último
final de semana a Farmacêutica-Bioquímica Camila Trentin Zandona falou sobre
hanseníase. O Brasil é o segundo País no mundo em número de casos da doença, só
perdendo para a Índia, provavelmente em razão da superpopulação e condições
sanitárias precárias deste local.
Indagada se a
superlotação dos presídios seria o motivo para que o Brasil fosse o segundo
colocado em número de casos no mundo, Camila explicou que não. Entende que a
realidade de Mato Grosso deva ser semelhante ao restante do País, pois, muitas unidades
prisionais do Estado ainda não estão preparadas e com equipes treinadas para o
diagnóstico da hanseníase.
Nos presídios a
equipe de saúde responsável pelo diagnóstico é da Secretaria de Estado de Justiça
e Direitos Humanos.
Em Várzea Grande,
por exemplo, só há estabelecimento destinado à presos provisórios, portanto, estes
custodiados devem ser levados à unidade de saúde mais próxima, ou seja, Centro
de Saúde do Capão Grande. A tarefa de transportar os presos para fazer o exame
é da direção da cadeia.
Se não houver
transporte ou por questão de segurança a direção do estabelecimento precisa
encontrar uma forma de levar uma equipe até o local para fazer os diagnósticos.
Mato Grosso apresenta 2500 novos casos por
ano, destes Várzea Grande conta com 250 novos casos no período. Números
preocupantes já que boa parte da população não sabe como identificar a enfermidade.
Manchas esbranquiças ou avermelhadas, além da falta de sensibilidade na
pele são os primeiros sintomas. Às vezes a pessoa pode não apresentar manchas,
e sim dores nos nervos ou ainda leve dormência ou formigamento.
O risco de contaminação se dá através de espirro, tosse e pela fala, além
do constante contato com o doente.
Um albergado que contraiu a doença enquanto estava no regime fechado só
foi começar o tratamento quando conseguiu a progressão. Ao sair e procurar
assistência médica, apresentou efeitos colaterais com o medicamento: além das
dores nos nervos das mãos e dos pés, ficava muito fraco devido ao quadro de
ânsia.
Assim, a
Defensoria Pública fez o pedido de suspensão do cumprimento da pena até que o
albergado se restabelecesse para voltar a pernoitar no albergue.
O perigo de
contágio da hanseníase acaba no momento em que o portador começa o tratamento,
por isso é importante que os estabelecimentos prisionais abram as portas para
esse tipo de informação, além de diagnosticar a doença, evitando com isso novos
casos.
É sempre bom alertar
que os apenados recebem visitas e que estas podem disseminar a doença, já que
são livres e estão em contato diário com outras pessoas.
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